segunda-feira, 6 de julho de 2009

Identidade


Há textos que parecem construídos num momento de sintonia astral. Explico: um dia você lê algo, que parece ter construído a idéia junto com o autor tamanha a identidade. Não por acaso, hoje descobri MIA COUTO, lendo outro autor. Que poema fantástico:


Identidade

Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

Amei. Obrigado.

Um comentário:

  1. muito bem va até Maputo ou a cidade de Beira que é onde Mia Couto mora...
    Parabens,o teu blog é sucesso, e é extraordinário...
    continue no caminho...
    A estrada é essa mesmo...
    Encontre as pedras e admire-as tambem...
    nós todos temos as nossas historias...
    Nao esqueça :
    as pedras tambem...
    consulte Fernando Pessoa...
    " e dizem que as pedras tem alma
    e que os rios tem extases ao luar."
    poesia XXVIII O Guardador de Rebanhos.
    era o que eu tinha para te parabenizar...
    até...

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DIGERINDO...